segunda-feira, 29 de junho de 2009

Conhecimento x Autoconhecimento


“A Busca pela Verdade”

A função da mente é conhecer.
A mente conhece o mundo pelos sentidos. Os sentidos forma a consciência pouco a pouco. Consciência deriva do termo ciência.“Ter ciência” equivale a estar “consciente”, ou seja “ter conhecimento”.A criança aprende sobre o mundo quando começa a explorá-lo. A experimentação leva ao conhecimento.
Os sentidos estão na mente. É a mente quem sente e perce, o corpo é sua extensão.Examinamos o mundo pelos olhos, ouvidos, nariz, língua corpo e mente. Usamos outros meios para ampliarmos a capacidade dos sentidos, possibilitando o examinar as profundezas do universo. Para esse fim foram inventados telescópios, microscópios e outros equipamentos. A ciência é o máximo empenho humanoem conhecer o universo visível e o invisível,ampliando nossos conhecimentos a respeito de tudo .
O conhecimento é mesmo útil?
A mesma ciência que inventa dispositivos para salvar vidas, inventa dispositivos para matar eficazmente, por essa ambigüidade percebe-se faltar algo importante no pensamento científico. A questão é: o que falta ao pensamento científico?
O que falta a maioria de nós: sentimentos humanísticos.
A humanidade está “cada vez mais desumana”. Examinar a si próprio, praticar autoconhecimento, isto é muito mais difícil que rastrear estrelas e micróbios.
Confundir certo com errado é um grande problema.
Um animal mata para comer, os homens matam-se por motivos banais.
Os seres humanos estão incendiando florestas, poluindo rios, matas e o ar.
Pessoas com autoconhecimento fazem o bem a partir de qualquer conhecimento, por menor que seja. Pessoas sem autoconhecimento fazem o mal a partir de qualquer conhecimento, causando destruição e dor.
Como obter autoconhecimento?
Retire um pouco a atenção do mundo exterior, volte-se para dentro de si mesmo.
Nossos pensamentos nascem “onde”? Concentre-se no ato de respirar.
Perceba-se: “estou inspirando”, “estou expirando”.
Esteja consciente de que sua respiração contém vida e morte.
Quando inspira é vida, quando expira é morte.Concentre-se em seu coração, a cada bater esteja consciente: Uma batida é vida, entre elas há instantes de silêncio e morte.
O silêncio entre cada respiração e batimento do coração é uma amostra do desconhecido, onde tudo nasce e tudo retorna...
“Os seres sentem medo da morte, porém não se dão conta que morrem o tempo todo e ainda continuam vivos.”
Autoconhecimento é descobrir o que nos faz sofrer. A Lei de Causa e Efeito não opera apenas na química, física e biologia, seu domínio é universal, isso abrange o campo mental e a moralidade.
O pós- morte é um mundo desconhecido. Você viaja a um país estranho levando dinheiro assegurando conforto e tranqüilidade, a morte é uma viajem, não vá com o coração pobre de virtudes. Ir sem virtudes é adentrar este mundo confuso e delirante, como um andarilho esfarrapado. Eu e você morremos e renascemos a todo instante e a cada dia. No intervalo entre as batidas do coração está morto. Nascer e morrer é isto: você sempre morre você sempre vive. Na Lei da Causa e Efeito “nada se perde, tudo se transforma”, muito mais do que supunha Lavoisier.
Mate a ganância e raiva. Vá para além das fórmulas e dos livros, eles não dizem tudo, faça isto agora, antes que saia do “mundo dos vivos” e não tenha tempo de emendar-se.
A mente não tem início ou fim, nem cor, forma, cheiro, volume, você não pode pesá-la. Você pode examinar o mundo das formas. Formas nascem e morrem, mas a mente não pertence a este mundo, o que tiver dentro de sua mente é você, é só com “essa bagagem” que adentrará o “outro mundo”. O inferno é abrir a bagagem das culpas, céu é abrir a bagagem de méritos.
Na Grécia Antiga, onde as ciências se formaram, não havia divisão entre “conhecimento” e “autoconhecimento”. Eram uma só coisa. Pitágoras, pai da matemática, mantinha grande preocupação com a virtude e o “sentido da vida”. Nas escolas falam apenas de seus cálculos. Sócrates, outro grande filósofo, disse a célebre frase: “homem, conhece- te!”. Os precursores do pensamento científico eram notadamente homensde grande moralidade e igualmente preocupados com a virtude e o conhecimento.

"Por Aristides dos Santos"
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terça-feira, 23 de junho de 2009

A Verdadeira Generosidade


“Quanto mais se doa, mais se tem”

Durante alguns anos atuei como repórter policial no Rio de Janeiro. Eventualmente, os diretores da emissora “quebravam” a rotina das notícias policiais, me enviavam às Casas Lotéricas da cidade. O objetivo era que eu ouvisse os planos dos apostadores, caso ganhassem o prêmio acumulado.
Dentre as respostas, como viagens exóticas, aquisição de fazendas navios e jatinhos particulares, a maior parte dos entrevistados dizia que, ganhando o prêmio, “iria ajudar as pessoas”. Talvez você já tenha dito a mesma coisa.
Avalie como esta resposta é reveladora: ignoramos que não precisamos de muito dinheiro para praticar a generosidade. Aliás, é possível ser generoso mesmo se fôssemos paupérrimos, sem gastar um centavo sequer. Por outra, tornar-se rico não é garantia de generosidade, há incontáveis pessoas que se tornaram ricas e que agora ocupam-se em gerar mais problemas para si mesmas e para os outros.
Mas afinal: por que tornar-se generoso só no futuro, e “se tivermos muito dinheiro”? A generosidade é um estado da mente e não do bolso!
A bondade é um tesouro, qualquer um pode cultivar;
A sabedoria é a maior das fortunas, qualquer um pode acumular...
Quem cultivar a generosidade, agindo com sabedoria “garante seu futuro” e faz um “verdadeiro seguro contra miséria” para as próximas existências.
Logicamente, doar comida, roupa e dinheiro são excelentes formas de prestar auxílio, mas não são as únicas. A verdadeira generosidade abrange doações materiais, mas jamais se resume a isso. É algo muito mais abrangente. A verdadeira generosidade é um estado da mente. Quando a mente alcançar este estágio, a pessoa sempre estará doando, mesmo que aparente nada ter para doar.
Como acumular fortunas? Doando-nos. A fortuna da mente sempre aumenta quando doamos. Quando a mente estiver em estado de real generosidade, tudo que fizermos será uma valiosa doação. Obter a fortuna da mente não depende de sorteio, mas de disposição para favorecer os seres. Podemos doá-la com os olhos, ouvidos, boca, mãos e pés.
Com nossos olhos: ninguém está impedido de doar um olhar gentil e encorajador. Olhar as pessoas com calma e consideração é igualmente uma doação generosa.
Com nossos ouvidos: escutar os aflitos, num simples desabafo pode reanimá-los. Quando as pessoas nos procuram, às vezes querem mera atenção e não sermões. Exercitar a escuta é uma raridade.
Com nossa boca: podemos encorajar, orientar e reanimar as pessoas com uma boa conversa. Dar vida e sentido ao que diz é preciosa doação aos ouvidos alheios.
Com nossas mãos: um abraço, ou aperto de mãos podem transmitir empatia e encorajamento. Com as mãos prestamos serviços variados e pequenas gentilezas.
Com nossos pés: andando podemos visitar pessoas doentes, acidentados, abandonados e etc. Andar na direção de quem precisa é,
“andar na direção certa”, doando nossa presença.
Quanto melhor utilizarmos olhos, ouvidos, boca, mãos e pernas, mais rica ficará a mente. Esta prática cria raízes para olhos, ouvidos, boca, mãos e pernas fortes e saudáveis em futuras existências, um corpo saudável e cheio de vida. Se utilizarmos mal nossos sentidos, além do risco da miséria, teremos riscos da cegueira, surdez, mudez e muitos outros males.
Ser a doação em pessoa, mesmo de mãos vazias, não há presente melhor para os seres sencientes!
Ao olhar para alguém e desejar “bom dia”, esteja engajado nesse voto, tente fazer o dia das pessoas ser, de fato, muito bom.

Doando o Darma

Para nós budistas, dentre todas as doações possíveis, doar bons ensinamentos é a melhor. A sabedoria é fonte de vida e fartura.
Doar o Darma, a Verdade, é ensinar às pessoas as causas de seus males. Existe maior generosidade que salvar os seres da ignorância e do sofrimento?
Doar a verdade é dar as chaves da prisão. Samsara é prisão. O que é Samsara?
É o estado de ignorância, confusão e aflições em que nos metemos, perambulamos neste estado de mente por vidas e mais vidas e ainda não desistimos dele. Ao compreender o Darma e doá-lo aos seres, de acordo com sua capacidade de entendimento, estaremos contribuindo para que os seres “desviem-se” de pensamentos e atos que os levarão, nos próximos renascimentos, aos orfanatos, asilos, hospitais e presídios. Estaremos nós mesmos nos desviando deste rumo, contribuindo ainda para erradicar a fome e a miséria no mundo, ensinando as pessoas sobre os males cármicos provenientes da ignorância.
Doar o Darma é desviar os seres da descida ao Inferno, plantando as sementes de um futuro melhor para nós todos e para todos os seres.

"Por Aristides dos Santos"
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segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Busca da Felicidade


“Realização Pessoal”

Originalmente todos os seres vivos desejam ser felizes. Perceba, que de fato, este é um desejo inato em todos os seres, sem distinção.
A ignorância e a carência são condições comuns a cada um de nós, ninguém nasce falando, andando ou decidindo a própria vida. Ignoramos como fazer isto, logo, somos carentes da colaboração alheia.
Pais ensinam os filhos a como falar e a andar, professores ensinam os alunos a como ler e a escrever, instrutores nos ensinam uma profissão para que possamos “lutar pela felicidade”. Durante a vida os seres compartilham experiências, e o aprendizado é ininterrupto. Ensinamos uns aos outros, contudo,morremos sem termos aprendido tudo. Isto prova que os seres humanos partilham de uma ignorância comum e um estado inicial de carência, dos quais tentam se livrar com acumulação de conhecimentos e dinheiro.
Felicidade- todos a desejam e cada um de nós elege um caminho na tentativa de encontrá-la. Mesmo o roubo, o uso de drogas são tentativas para realizar esta felicidade. Um ladrão rouba pensando que os frutos de suas ações lhe trarão alguma felicidade. Empenhamo-nos em obter felicidade, mais muitas desilusões ocorrem. Por que será? A intenção é justa, mas os meios nem sempre são.
Todos nós nos perguntamos através dos séculos: afinal, onde está a felicidade?
Todo conhecimento do mundo não nos liberou do sofrimento. Mesmo que tivéssemos todo dinheiro do mundo, isto também não seria suficiente para suprimir formas básicas de sofrimento, como o envelhecimento, certas doença e a morte.
O que Buda nos ensina a respeito desta busca?
Todos os seres sentem-se primordialmente ignorantes e aflitos. Por isso “lutamos” pela felicidade. Perceba que ao tentar matar uma mosca ela foge tentando- se proteger da dor e da aflição, com isto podemos constatar que todos os seres sencientes tem essa mesma meta ou seja evitam o sofrimento tanto quando podem.
O problema não é a busca por felicidade, é onde a procuramos.
Definir corretamente o que seja felicidade e como podemos realizá-la é um grande desafio. Ninguém quer bem-estar por um minuto ou um dia, queremos felicidade PERMANENTE.
No Budismo vemos que todos os fenômenos são sujeitos a incessantes mudanças. Este ensinamento é uma advertência para quem crê que as coisas do mundo das formas possam trazer felicidade. Se elas são impermanentes, a “felicidade e bem- estar” que vivenciamos a partir delas, necessariamente, serão impermanentes. Duram enquanto elas durarem. Tudo que pudermos acumular está sujeito à ação de ladrões, do fogo, do vento e da água. As pessoas criam inimigos, matam e morrem devido a ganância, mas fundamentalmente não podemos ser donos de nada.
Há quem julgue beleza e juventude como formas de felicidade. Mesmo que consigamos desfrutar de ambos, tais condições também serão impermanentes. Desprezar a vida agrava a condição de ignorância e aflição, logo é nos distancia da felicidade ampliando o sofrimento. Então, onde está a felicidade, se não poderá ser encontrada nem no “ter” ou no “não ter” ?
Vale relembrar que o príncipe Sidharta, antes de tornar-se Buda, não se iluminou nem na vida palaciana, cheio de luxo, nem tão pouco na vida de asceta, cheio de privações. Ele descobriu que nossa natureza real é “não-sofrimento”, ou seja somos originalmente perfeitos e todos sentem isso instintivamente. Lutamos com o que temos para permitir que a condição de “não- sofrimento” se estabeleça por que no fundo no fundo sabemos que o ser humano é destinado a isso. Esse estado original está encoberto pela ignorância e pelas aflições, como um céu límpido pode ser momentaneamente ofuscado pelo acúmulo de nuvens e poluição de todo tipo.
Temos a confusão mental, idéias equivocadas a respeito de tudo, acessos de raiva, e etc, tudo isso são como nuvens ofuscando nossa condição original.
Para não perdermos a oportunidade de “sermos felizes” nos agarramos aquilo que dispara a sensação de prazer, contudo, o que isto traz? Traz um grande apego e desilusão, medo e ansiedade. A morte chega, recomeçamos a luta, renascemos indefinidamente com as mesmas ilusões, sem nada conseguir.
O que nós procuramos vida após vida é a iluminação. Somente ela é insuperável, permanente. A Iluminação é experiência rara, por que raros entre nós se determinam em obtê-la. Iluminar-se é vencer definitivamente a ignorância e o sofrimento. Não é contra isso que todos lutam?
Em relação a este assunto o Buda nos traz boas notícias: todas as formas de vida têm potencial para a realização do nirvana (iluminação). Entender tudo que foi dito sobre apego e raiva é começar a desistir das falsas noções de felicidade e, por fim, habilitar-se a realização espiritual. Afinal para quê o apego, se não há como ser dono de nada? Para que a raiva se ela só traz doença e aflições? O grande desafio é “ter sem apegar-se”, “perder sem enraivecer-se”, este é o estado de equanimidade que nos liberta da ganância e da raiva.
“Compartilhe com os seres sencientes:
Se estiverem ignorantes dê-lhes conhecimento.
Se estiverem aflitos, dê-lhes alívio.
Este é o caminho.”
Os seres são espelhos para nossa auto-descoberta dê a eles o que você busca.
Quando eles começarem a ter, você começará a ter. Se dermos muito, plantadas estarão as raízes para a uma imensa felicidade.
Buda ensina que Dana, ou generosidade, é condição essencial para despoluir a mente, obter renascimentos em corpos saudáveis e adiante, alcançar a iluminação.

"Por Aristides dos Santos"
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segunda-feira, 8 de junho de 2009

A Roda da Vida


“Ciclo de Nascimento e Morte”

“Roda da vida” é o nome do diagrama tibetano que representa o Ciclo de Nascimento e Morte. Toda roda está repleta de ilustrações e no centro estão desenhados uma galinha, um porco e uma cobra. O que estes desenhos dizem?
A forma do diagrama é um círculo, simbolizando que os seres circulam por diferentes reinos da existência, representados pelas ilustrações, e que a vida deles é um ciclo de surgimento, duração e cessação que se prolonga indefinidamente.
Quando uma criança nasce, é a mente renascendo em novo corpo. A mente é contínua e sem forma, o corpo pertence ao mundo das formas. A morte destrói as formas, mas a mente não tem forma. Quando ocorre a “morte”, o corpo é decomposto em suas partes e devolvido aos quatro elementos, que constituem o mundo das formas, feito isso a mente mergulhará novamente no mundo das formas, vinculando-se a um novo corpo.
Buda explica que existem Seis Reinos da Existência, e que perambulamos por eles quando trocamos de corpos. Por que isto ocorre? Por ignorarmos a profunda verdade ensinada por Buda e expressa pelos budistas do Tibet no centro deste diagrama. O centro da roda explica que o “onde estamos hoje”, “onde estivemos antes” e “para onde vamos depois” depende da mente, que contém as sementes do nosso destino. O que os desenhos da “galinha” do “porco” e da “cobra” representam? Por que estão exatamente no eixo da Roda da Vida?
Estes animais são os símbolos dos três tipos básicos de pensamentos, denominados pelo Buda como os Três Venenos, a maior ou a menor quantidade deles nos fazer perambular nas formas e nos reinos compatíveis com eles. Estão no eixo ou no centro da Roda da Vida por que nossa vida gira em torno do que pensamos.
Simbologia da Galinha
A galinha cisca, cisca e nunca está satisfeita. Simboliza a ganância.
A galinha cisca dia e noite, come incessantemente e nunca está saciada.
Retrata a insatisfação, fonte da ganância. A insatisfação gera o querer mais e mais, aqui e ali. Quando gananciosos padecemos de permanente inquietação como medo, inveja, ciúme, avareza, etc.
Simbologia do Porco
O porco é tão confuso que não consegue diferencias suas fezes da comida que recebe. Simboliza a ignorância. Porcos famintos comem de tudo, para eles água e urina, fezes e comida não são diferentes. Retrata o estado de confusão mental, fonte de todos equívocos. Os seres humanos querem ser felizes, misturam o certo com o errado e acabam mergulhando no lamaçal do mau carma.
Simbologia da Cobra
As serpentes atacam quando se sentem ameaçadas. Simboliza a raiva.
As serpentes atacam os demais seres, pois vêem inimigos por todos os lados. Apresenta a raiva como um sentimento perigoso. A raiva é como uma víbora venenosa, que envenena a mente e o corpo, contaminando pensamentos, palavras e atos, tornando-nos perigosos.
Com gira a Roda:
Quanto maior a ganância, moveremos- nos na direção do mundo dos fantasmas famintos, seres cheios de aflições e necessidades sem alivio. Havendo atenuantes, o resultado pode ser abrandado para futuros renascimentos na forma humana, sujeitas a fome e a miséria.
Quanto maior a ignorância agiremos tomados por confusão mental e ilusões, maior será o risco de renascimento em formas animais, vitimas de exploração e escravidão. Havendo atenuantes, o resultado pode ser abrandado para futuros renascimentos na forma humana, contudo, sujeitos a abusos e a servidão.
Quanto maior e mais freqüente for a raiva, maiores serão os riscos de renascimento no inferno. Havendo atenuantes, o resultado pode ser abrandado para futuros renascimentos na forma humana, mas sujeitos a numerosas doenças, ao abandono e a condições humilhantes.
Se estes venenos mentais forem reduzidos, os benefícios serão as chances de renascimento em corpo humano saudável, numa vida de prosperidade e bons vínculos, ou nos Reinos Celestiais, livre de sofrimentos ou necessidades.
Se os Três Venenos forem extintos, o eixo do Ciclo de Nascimento e Morte terá sido destruído. Vitoriosos alcançaremos a Iluminação, e estaremos definitivamente libertos de perambular por este ciclo.
Aproveitando a simbologia podemos nos perguntar ao pensarmos: Nossa existência está girado em torno de quê?
O que está no centro de nossas existências?
Responder-se com seriedade a esta questão é tornar-se consciente do rumo que estamos tomando. Examinar-se constantemente é governar os próprios passos evitando o risco de perder o privilégio de continuarmos renascendo na forma humana indo perambular em corpos ou reinos cheios de aflição.
A Roda da Vida adverte que “galinhas”, “porcos” e “cobras” estão vivendo livremente “dentro” de nossas mentes, logo nossas vidas giram em torno disso. Purificar a mente é livra-se de futuras aflições.
Praticando a generosidade e a paciência, um dia nos tornaremos Buda.
Todos os Budas saem da Roda da Vida que é cheia de sofrimento e morte e eventualmente renascem para ensinar os seres e conduzi-los a iluminação, mas neste caso eles nascem por vontade própria, motivados por grande compaixão a fim de fazer girar a Roda do Darma, a roda da libertação.

"Por Aristides dos Santos"
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quarta-feira, 3 de junho de 2009

SAGA DANA

Nascimento, iluminação e paranirvana do Buda no monasterio Sakya Tsarpa, em Cabreúva PS

No próximo dia 7 de junho, domingo, será celebrado no Mosteiro Sakya Tsarpa o Saga Dawa
Deuchen, dia em que se comemora a entrada do Buda no útero de sua mãe, o alcance da sua iluminação e a sua entrada em paranirvana. Como dia 30 de maio é celebrado o aniversário do Buda, Lama Rinchen recomenda a todos os praticantes que, no período entre essas datas, realizem meditações, recitem sutras, pratiquem liturgias, intensifiquem as práticas preliminares do Ngondro e, para aqueles que tenham tempo disponível, entrem em retiro.
Às 10 horas do dia 7, a sangha-residente e os monges estarão conduzindo o puja do Buda Shakyamuni e os 16 arhats com acumulação de mantra. Logo depois recitaremos a Prece de Aspiração de Samantabadra. Essa cerimônia será aberta ao público em geral.
É recomendado que nessa data se faça oferenda de flores, incenso, velas ou doações espontâneas aos monges. Após a liturgia será oferecido um almoço típico nepalês para aqueles que quiserem almoçar com os monges. Aos que optarem pelo almoço, solicitamos que façam suas reservas com
antecedência.

Inscrição via e-mail: sakyacabreuva@gmail.com

Celular: (11) 9568-2501 – Tenzin Sönam
Contribuição para o almoço: R$ 20
MOSTEIRO SAKYA TSARPA
Rod. Ver. José de Moraes, Km 6 - Sitio São Roque - centro
Cabreuva - SP
C Postal 41 CEP: 13315 - 970
Tel: 4528 - 1737
http://www.sakyabrasil.org/
e-mail: sakya@sakyabrasil.org

segunda-feira, 1 de junho de 2009

TEMPLO AMITABHA "CERIMÔNIA DE TA PEI TSAN "

O Templo Amitabha esta localizado na Rua Conde de Iraja, nº 137, no bairro da Vila Mariana em São Paulo. Nos videos abaixo, você poderá acompanhar a cerimônia de Ta Pei Tsan (cerimônia de arrependimento da grande compaixão).
As imagens foram cedidas pelo Templo Amitabha ao blog, para ajudar na divulgação do Dharma para todos que queiram ter contato com o budismo.

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Ladrão de Oportunidades


“Combatendo a Raiva”

No capítulo “Vivência no Templo Budista” disse que a raiva é um perigoso ladrão de oportunidades. Na vida cotidiana não nos lembramos que convivemos com o pior dos ladrões.
Um ladrão comum pode roubar seu relógio, talvez não lhe roube todos os seus pertences; Se roubar todos seus pertences, talvez não roube sua vida;
Se matar seu corpo, não pode matar sua mente e suas vidas futuras;
Um ladrão comum também não pode roubar nosso bom carma.
Entretanto, existe um ladrão que pode tudo, inclusive levar nossos bons méritos e oportunidades. Este ladrão é a raiva.
Buda Shakyamuni costumava comparar a raiva a um perigoso ladrão, a um incêndio devorador que destrói florestas de bons méritos e a um perigoso demônio. O abençoado disse que a raiva não deve ser cultivada pelos praticantes leigos, muito menos por monges, pois:
A raiva é como um detestável ladrão por que rouba oportunidades. Com raiva a mente fica turva, as idéias confusas e as decisões desacertadas. Ninguém confia em pessoas que tentam resolver seus problemas com acessos de fúria. Quem assim procede cria má fama e perde excelentes oportunidades de realização, pois é prejudicado pela má reputação. Agir com raiva é plantar as raízes do descrédito, do erro e do arrependimento.
A raiva é como um incêndio devorador, destruidor das florestas de bons méritos. Num acesso de fúria dizemos palavras ofensivas e agimos agressivamente, provocando desavenças ou tragédias. Com isso, podemos perder o emprego, destruir laços familiares, perder o convívio com bons amigos e a confiança dos demais. Algumas das pessoas atingidas pela nossa reação furiosa também queimarão de raiva e silenciosamente planejarão desforras ou vinganças e se não puderem nos atingir, poderão visar pessoas com as quais temos relação de afetividade.
É como um perigoso demônio, por que num acesso de fúria, somos tomados por um momentâneo estado de demência e agimos como demônios enfurecidos. Seres humanos revoltados e furiosos, se não modificarem estas disposições, acabarão como habitantes do inferno. Quem cultiva a raiva, protege e sustenta seu pior inimigo!
Por que surge a raiva?
A raiva é a reação primitiva de descontentamento. Existem níveis de raiva. Vai das simples mágoas, ao ódio devastador. O fato de cultivarmos meros ressentimentos não significa estarmos imunes a raiva e suas nefastas conseqüências. Uma diminuta e insignificante brasa pode desatar um incêndio incontrolável.
“Uma cozinheira queria preparar um prato picante, mas receava não agradar a todos. Perguntou aos convidados se aceitariam uma refeição apimentada. Ouviu então diferentes respostas:- Eu adoro pimenta! - Eu detesto pimenta!
- Ah, para mim tanto faz!“
A cozinheira percebeu que para as pessoas, embora a pimenta fosse a mesma para todos, ela provocava diferentes reações nas pessoas. Os fatos da vida também são os mesmos para os seres, estamos sujeitos a desilusões, doença, velhice e morte, isso é natural, mas a reação a estes fatos inevitáveis difere de pessoa para pessoa. Os fatos são o que são, a raiva é opcional. Quando nos propomos a abandonar as causas do sofrimento, estamos declarando a raiva como o principal inimigo.
Quando a mente vê o mundo e as pessoas como posses haverá ai um grande problema. Quando as coisas não são do nosso jeito sentimos certa raiva, uma simples tristeza ou grande revolta, tudo isso são formas ou níveis de raiva.
Entenda que raiva é revolta. Outro dia alguém me disse que tristeza nada tinha haver com raiva. Isto é enganoso. Digamos que a tristeza é uma implosão venenosa, a ira é uma explosão de raiva, que embora seja dirigida aos outros, fere, acima de tudo, a nós mesmos.
Vida é movimento, perdas e ganhos são contingências inevitáveis. Se não podemos controlar o universo de que adianta cultivar raiva?
A raiva não faz o sol brilhar, mas faz o coração parar de bater;
Não cessa o frio, mas congela o coração;
Pessoas sábias e prudentes perdem a confiança em que tem é tomado de constantes acessos de fúria...
Mudanças são contingências da vida, para viver com saúde e longevidade é preciso cultivar o contentamento.
Buda recomenda não repousarmos enquanto a serpente venenosa dormita em nossos aposentos, para ele, a raiva é como uma serpente venenosa “aninhada” na mente não-iluminada. Flagrá-la saindo da toca é como ter a rara oportunidade de “pegar o bicho pelo rabo” e dominar seus impulsos. Superando a raiva e a ignorância, evitaremos que elas arruínem nossas vidas.

"Por Aristides dos Santos"
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