segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Busca da Felicidade


“Realização Pessoal”

Originalmente todos os seres vivos desejam ser felizes. Perceba, que de fato, este é um desejo inato em todos os seres, sem distinção.
A ignorância e a carência são condições comuns a cada um de nós, ninguém nasce falando, andando ou decidindo a própria vida. Ignoramos como fazer isto, logo, somos carentes da colaboração alheia.
Pais ensinam os filhos a como falar e a andar, professores ensinam os alunos a como ler e a escrever, instrutores nos ensinam uma profissão para que possamos “lutar pela felicidade”. Durante a vida os seres compartilham experiências, e o aprendizado é ininterrupto. Ensinamos uns aos outros, contudo,morremos sem termos aprendido tudo. Isto prova que os seres humanos partilham de uma ignorância comum e um estado inicial de carência, dos quais tentam se livrar com acumulação de conhecimentos e dinheiro.
Felicidade- todos a desejam e cada um de nós elege um caminho na tentativa de encontrá-la. Mesmo o roubo, o uso de drogas são tentativas para realizar esta felicidade. Um ladrão rouba pensando que os frutos de suas ações lhe trarão alguma felicidade. Empenhamo-nos em obter felicidade, mais muitas desilusões ocorrem. Por que será? A intenção é justa, mas os meios nem sempre são.
Todos nós nos perguntamos através dos séculos: afinal, onde está a felicidade?
Todo conhecimento do mundo não nos liberou do sofrimento. Mesmo que tivéssemos todo dinheiro do mundo, isto também não seria suficiente para suprimir formas básicas de sofrimento, como o envelhecimento, certas doença e a morte.
O que Buda nos ensina a respeito desta busca?
Todos os seres sentem-se primordialmente ignorantes e aflitos. Por isso “lutamos” pela felicidade. Perceba que ao tentar matar uma mosca ela foge tentando- se proteger da dor e da aflição, com isto podemos constatar que todos os seres sencientes tem essa mesma meta ou seja evitam o sofrimento tanto quando podem.
O problema não é a busca por felicidade, é onde a procuramos.
Definir corretamente o que seja felicidade e como podemos realizá-la é um grande desafio. Ninguém quer bem-estar por um minuto ou um dia, queremos felicidade PERMANENTE.
No Budismo vemos que todos os fenômenos são sujeitos a incessantes mudanças. Este ensinamento é uma advertência para quem crê que as coisas do mundo das formas possam trazer felicidade. Se elas são impermanentes, a “felicidade e bem- estar” que vivenciamos a partir delas, necessariamente, serão impermanentes. Duram enquanto elas durarem. Tudo que pudermos acumular está sujeito à ação de ladrões, do fogo, do vento e da água. As pessoas criam inimigos, matam e morrem devido a ganância, mas fundamentalmente não podemos ser donos de nada.
Há quem julgue beleza e juventude como formas de felicidade. Mesmo que consigamos desfrutar de ambos, tais condições também serão impermanentes. Desprezar a vida agrava a condição de ignorância e aflição, logo é nos distancia da felicidade ampliando o sofrimento. Então, onde está a felicidade, se não poderá ser encontrada nem no “ter” ou no “não ter” ?
Vale relembrar que o príncipe Sidharta, antes de tornar-se Buda, não se iluminou nem na vida palaciana, cheio de luxo, nem tão pouco na vida de asceta, cheio de privações. Ele descobriu que nossa natureza real é “não-sofrimento”, ou seja somos originalmente perfeitos e todos sentem isso instintivamente. Lutamos com o que temos para permitir que a condição de “não- sofrimento” se estabeleça por que no fundo no fundo sabemos que o ser humano é destinado a isso. Esse estado original está encoberto pela ignorância e pelas aflições, como um céu límpido pode ser momentaneamente ofuscado pelo acúmulo de nuvens e poluição de todo tipo.
Temos a confusão mental, idéias equivocadas a respeito de tudo, acessos de raiva, e etc, tudo isso são como nuvens ofuscando nossa condição original.
Para não perdermos a oportunidade de “sermos felizes” nos agarramos aquilo que dispara a sensação de prazer, contudo, o que isto traz? Traz um grande apego e desilusão, medo e ansiedade. A morte chega, recomeçamos a luta, renascemos indefinidamente com as mesmas ilusões, sem nada conseguir.
O que nós procuramos vida após vida é a iluminação. Somente ela é insuperável, permanente. A Iluminação é experiência rara, por que raros entre nós se determinam em obtê-la. Iluminar-se é vencer definitivamente a ignorância e o sofrimento. Não é contra isso que todos lutam?
Em relação a este assunto o Buda nos traz boas notícias: todas as formas de vida têm potencial para a realização do nirvana (iluminação). Entender tudo que foi dito sobre apego e raiva é começar a desistir das falsas noções de felicidade e, por fim, habilitar-se a realização espiritual. Afinal para quê o apego, se não há como ser dono de nada? Para que a raiva se ela só traz doença e aflições? O grande desafio é “ter sem apegar-se”, “perder sem enraivecer-se”, este é o estado de equanimidade que nos liberta da ganância e da raiva.
“Compartilhe com os seres sencientes:
Se estiverem ignorantes dê-lhes conhecimento.
Se estiverem aflitos, dê-lhes alívio.
Este é o caminho.”
Os seres são espelhos para nossa auto-descoberta dê a eles o que você busca.
Quando eles começarem a ter, você começará a ter. Se dermos muito, plantadas estarão as raízes para a uma imensa felicidade.
Buda ensina que Dana, ou generosidade, é condição essencial para despoluir a mente, obter renascimentos em corpos saudáveis e adiante, alcançar a iluminação.

"Por Aristides dos Santos"
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Um comentário:

  1. ótimo texto, não poderia ter lido em melhor momento.

    tymoteo, ótima iniciativa.

    do seu amigo, alê, cheio de saudades suas e de todos do zu lai.

    abraços!

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